Amanda Cotrim

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Deputados petistas marcham em Buenos Aires em apoio a Cristina Kirchner

O deputado federal do PT Paulo Pimenta está em Buenos Aires, onde participa hoje da marcha em apoio à ex-presidente Cristina Kirchner. Ela foi condenada em última instância a seis anos de prisão e inabilitação vitalícia para ocupar cargos públicos, por administração fraudulenta em contratos públicos durante seu governo (2007-2015).

Em entrevista a jornais argentinos, Pimenta afirmou que "nosso objetivo é ver Cristina livre". O deputado também disse que a peronista está passando pelo que passou o presidente Lula, no Brasil, e Rafael Correa, no Equador, referindo-se a uma suposta perseguição política e jurídica. "Se os líderes políticos não se rendem, a perseguição termina convertendo-se em um elemento de mobilização social", afirmou ao jornal Página 12.

A deputada estadual do Rio Grande do Sul Laura Sito (PT) também esteve na marcha hoje.

Pimenta cita possível visita de Lula a Cristina

Pimenta afirmou à imprensa que Lula pode visitar Cristina, o que poderia se dar no contexto da Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, nos dias 2 e 3 de julho, quando o Brasil assumirá a presidência temporária do bloco. "Lula quer visitá-la, mas tem que pedir autorização ao juiz", disse Pimenta à coluna.

A assessoria de imprensa do governo Lula, no entanto, não confirmou a visita.

Na ocasião da confirmação da condenação da peronista, Lula afirmou no X que telefonou para ela para prestar solidariedade. Ele disse que notou que ela estava serena e determinada com o que ele chamou de "situação adversa".

Pimenta e a deputada estadual Laura Sito (PT-RS)
Pimenta e a deputada estadual Laura Sito (PT-RS) Imagem: Divulgação

Em 2019, quando Lula estava preso, o então candidato peronista à presidência da Argentina, Alberto Fernandez —cuja vice foi Cristina—, visitou o amigo na prisão, enfrentando resistência por parte da base kirchnerista que, naquele momento, via a visita como inapropriada.

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O presidente brasileiro nunca esqueceu o gesto do ex-presidente argentino, a quem chama de amigo, e sempre fez questão de relembrar a solidariedade do peronista. "Lula sabia que Cristina Kirchner não queria que Alberto o visitasse. Mas ele foi mesmo assim, porque entendeu que Lula era vítima de um processo jurídico parcial e cheio de falhas", disse à coluna uma fonte próxima a Fernandez.

Fontes do entorno do partido de Cristina Kirchner, o Partido Justicialista (peronista), disseram à coluna que a visita de Lula "dependerá de autorização da Justiça". "Entendemos que há vontade de Lula visitar Cristina", disseram.

Em coletiva de imprensa a correspondentes internacionais, no dia 14, o advogado de Cristina, Carlos Beraldi, afirmou que Lula não deve ser impedido de visitar a ex-presidente argentina. "Não acredito que possa existir nenhum tipo de limitação para que o presidente Lula ou qualquer pessoa a visite", afirmou. Segundo ele, se a Justiça impedir a visita, feriria uma garantia constitucional de Kirchner.

Deputada fala em perseguição à ex-presidente

Outra parlamentar da base petista que está em Buenos Aires é a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Ela lançará amanhã o livro "Cultura é Poder", na Casa Moema, na capital portenha.

"Tenho preocupação com o método de sequestrar da vida política figuras progressistas. Já vivenciamos lawfare no Brasil, e isso me preocupa muito. Preocupa a democracia em qualquer lugar do mundo. Cristina é uma mulher que tem papel importante na Argentina, e levá-la para o cárcere nos parece uma perseguição judicial (...) O povo argentino terá que responder a isso. É necessário que se tenha respeito à história, à liderança e à democracia da Argentina", afirmou a deputada à coluna.

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Em seu livro, Jandira, que foi relatora de leis como a Aldir Blanc, analisa a guerra cultural promovida pela extrema direita e reafirma a cultura como ferramenta essencial para a transformação social e política do país.

"É um livro que trata a cultura como disputa de valores. E, no caso da extrema direita, só é possível [fazer essa disputa] se culturalmente a gente enfrentar essa guerra de valores (...) A cultura é uma possibilidade de resistência a qualquer tentativa de colonização. (...) O livro serve como valor para qualquer região do mundo, em particular nossa América Latina, principalmente em contraponto a governos de extrema direita, vide Bolsonaro no Brasil e Milei na Argentina", afirmou.

Justiça impede Cristina de sair na sacada

Apoiadores de Cristina Kirchner fazem vigília em frente ao apartamento onde ela cumpre prisão domiciliar
Apoiadores de Cristina Kirchner fazem vigília em frente ao apartamento onde ela cumpre prisão domiciliar Imagem: Amanda Cotrim/UOL

Cristina, 72, está em prisão domiciliar na capital argentina desde ontem. A Justiça permitiu que ela cumpra a pena em casa porque ela tem mais 70 anos e sofreu uma tentativa de homicídio em 2022.

A Justiça determinou que a ex-mandatária use tornozeleira eletrônica e que não apareça na sacada de seu apartamento, onde milhares de militantes fazem vigília há dias, em apoio a ela. A ex-presidente, que segue usando as redes sociais, ironizou hoje a decisão judicial: "Posso ou não posso sair na sacada da minha casa? Parece brincadeira, mas não é", disse.

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Em solidariedade à peronista e contra a decisão da Suprema Corte, uma multidão de militantes e apoiadores marcharam hoje pelas ruas do centro de Buenos Aires com o slogan "Argentina com Cristina". Eles afirmam que a ex-presidente é vítima de perseguição jurídica e política e que sua prisão é para impedir que ela participe do tabuleiro político-institucional.

Dias antes da confirmação da condenação, Cristina anunciou que seria candidata a deputada estadual pela província de Buenos Aires, que congrega 40% do eleitorado do país, considerada um bastião do peronismo.

Os críticos dos governos de Cristina, no entanto, celebraram a prisão da ex-presidente e afirmaram que a justiça foi feita. Eles defendem que a crise econômica do país se deve à corrupção impetrada, segundo eles, pelos governos peronistas.

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